COMENTÁRIOS
Sábado,
19/3/2005
Comentários
Leitores
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leituras para cama ou mesa!
Estimado Lem, concordo plenamente com o que você escreveu. Aliás, tenho uma teoria bem clara a esse respeito. Acredito que há no Brasil e no mundo um grande número de leitores que se delicia com romances do tipo Ulisses de James Joyce ou Grande Sertão Veredas de Guimarães Rosa. Os dois romances citados, bem como os que seguem a linha da Grande Literatura, são romances para se ler sentado, com a atenção bem atilada, pois se perdermos uma palavra o sentido da obra se esfacela.
Se pegarmos os últimos grandes sucessos de vendas no mundo, vamos nos deparar com Harry Potter e O Código Da Vinci. São livros que foram adaptados para o cinema depois de venderem muitos milhares de exemplares por todo o mundo, inclusive o Brasil. Tanto a série Harry Potter como o Código são livros para se ler na cama, antes de dormir ou a qualquer hora, pois a trama é tão boa, a linguagem tão acessível que não se perde o fio da meada.
[Sobre "Abismos literários"]
por
vera carvalho
19/3/2005 às
08h50
201.0.82.105
(+) vera carvalho no Digestivo...
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um grande passo
Julio, é preciso coragem para se dizer incapaz. Sou de uma geração bem anterior à sua. Sou nascido nos anos 50. Muito velho, talvez, para meter minha colher de pau nesse angu. Mas, diante do seu texto, fico mais à vontade para dizer que, já escrevi sobre o tema em meus comentários, me assusto, incrível, mesmo passando pelas mudanças que minha geração passou, com a voracidade com que esses jovens se lançam às páginas brancas. Daí, perdoem-me se sou repetitivo, a questão colocada por Richard Senneth em "Declínio do Homem Público": "por que há tantos poetas e menos leitores de poesia?" Não tenho fórmulas, receitas ou certezas. Minha geração participou de movimentos sufixados por "ismos", que a mim serviram para que eu carregue a seguinte questão: "mundos ideais se existirem, só em nossas vãs cabeças." Entretanto,a porta da literatura era aberta para nós por Monteiro Lobato. A ele se seguiam: Manuel Antonio Almeida, Taunay, Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Clarice Lispector, Lima Barreto... No cinema vivemos "O Cinema Novo", Glauber e outros, no teatro o grande mestre, entre outros, Ziembinski, na música Ary Barroso, Noel Rosa... Mesmo providos de uma pequena bagagem não nos atrevíamos a sair com nossos cadernos a querer transformá-los em espelhos de nossos autores. Cadernos que só se fechavam após muitas horas de cadeira. Hoje, parece-me que vivemos a ânsia das páginas brancas que devem ser preenchidas como a produção em série de "chips". Mas, penso que nem tudo está perdido. Repito, desculpem-me os leitores: há duas formas de se ler o holocausto uma pela visão do Primo Levy e outra pela visão do Imre Kertész. Você colocou a questão, penso que já demos um grande passo.
[Sobre "Autores novos"]
por
luiz fernando
18/3/2005 às
17h19
200.252.60.234
(+) luiz fernando no Digestivo...
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surrada formação intelectual
Parabéns pelo texto – os seus têm sido os melhores do Digestivo (e não vai me classificar como o “Me Engana Que Eu Gosto” ou o “Super Amigo”...) Um comentário (divagação?): Virou moda, sobretudo aqui no Brasil, falar do nada. Já vi cronista ocupando a cara e nobre página dos nossos jornais começando textos com um “não sei bem sobre o que escrever hoje”, ou um “não entendo nada” disso ou daquilo. Alguns até se orgulham da ignorância, por exemplo, de temas políticos, econômicos, científicos, filosóficos. Dizem que é a “resposta dos sensíveis à globalização fria e desumana do mundo de hoje” (aí, sim, estão divagando...) E, enquanto um Gore Vidal, ou um Philip Roth, um Updike, lançam-se sobre os grandes temas da humanidade, sem temores, aqui ficamos no jogo fácil do "croniquismo" (Rubem Braga, gênio do gênero, nos deve essa, mas ele tem crédito de sobra). Escritores de gerações mais velhas, talvez cansados das desilusões do mundo real, têm padecido desse medo. Os mais novos, nossos blogueiros candidatos a escritores, por exemplo, idem. Neste caso – e aí entra seu texto –, são mesmo vítimas da surrada formação intelectual que tivemos.
[Sobre "Autores novos"]
por
Heberth Xavier
18/3/2005 às
03h34
201.19.42.157
(+) Heberth Xavier no Digestivo...
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O Fome Zero nunca existiu
O Fome Zero nunca existiu a não ser nos discursos eleitoreiros. Inviável, impraticável e burro. E aquilo que era dito como se fosse obra a ser realizada pelo governo, ficou para o bolso do povo. A fome é um flagelo que atinge todos os povos e no Brasil uma tragédia onde o que para ela deveria ser destinado teve o o caminho de tudo: o bolso dos políticos. Solidariedade sim; humanitarismo sim; mas não esperem de mim um centavo para esta falácia proposta por um energúmeno que a mão do inferno colocou no governo.
[Sobre "Cultura e Democracia Na Constituição Federal"]
por
Carlos Antônio
17/3/2005 às
23h42
200.255.12.3
(+) Carlos Antônio no Digestivo...
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Jornalismo quadrinístico
Olá, Julio, como vai. Aqui é o Daniel Camerini, o editor da Kaboom! Obrigado pela divulgação e achei bem criativo seu texto. E apenas para responder suas perguntas, sim, a idéia é virar uma revista mensal e falar sobre o mercado atual sem rabo preso com editoras, autores ou qualquer outra coisa. Jornalismo quadrinístico de verdade. Valeu e boa sorte a todos nós.
[Sobre "Digestivo nº 222"]
por
Daniel
8/4/2005 às
08h43
200.171.225.199
(+) Daniel no Digestivo...
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o Fome zero ainda existe?
Parte do texto fez-me lembrar conversa recente aqui em casa; o assunto, o projeto "Fome Zero". É aquela coisa: o Estado não utiliza os recursos arrecadados como deveria, então apresenta o "Fome zero", a ser implantado (segundo propaganda na tv) com as contribuições dos cidadãos já sobrecarregados com IR, impostos em tudo que se compra, etc... Enfim, é a mesma coisa que o mencionado aqui sobre a poluição e a precariedade do transporte público... aliás, o "Fome zero" ainda existe?
[Sobre "Cultura e Democracia Na Constituição Federal"]
por
Carla
17/3/2005 às
05h07
200.222.222.96
(+) Carla no Digestivo...
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Nomes mundo afora
Julio, deixe eu conter o riso depois de sua ótima coluna para contar a minha história também! Meu sobrenome “estrangeiro” (se é que existe isso num país de imigração como o Brasil) é sempre causa de dificuldades. O som “dl”, em Sandler, não existe em português. Mais comumente, eu viro “Daniela Sandra”. Como se eu não tivesse sobrenome. Mas o interessante foi quando vim morar nos Estados Unidos. Em inglês, não só existe o som “dl”, como o conjunto “ndler” é muito comum. Todo mundo entende e escreve “Sandler” quando eu falo, com sotaque americano: “séén-ler”. Mas Daniela é impronunciável. “Daniéul-llll-a”, enrolam a língua, e acabo virando o mais familiar “Danielle”, que eles pronunciam “daniééulll”. Daí morei em Berlim. Adaptei a pronúncia de “Sandler”, cuja grafia já parece bem germânica: “zánndlaah.” E aí a mágica aconteceu: eles entendem tanto o Sandler quanto o Daniela. Sempre acertam meu primeiro nome, que é bastante usado por lá. Só adaptei a pronúncia: “dani-ê-la”, é como eles dizem. E aí está a suprema ironia: tive de ir para a Alemanha para que entendessem meu nome por inteiro!
[Sobre "É Julio mesmo, sem acento"]
por
Daniela Sandler
16/3/2005 às
18h02
69.227.70.1
(+) Daniela Sandler no Digestivo...
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Simplesmente constrangedor
O seu texto obriga-me a dar-me conta de tudo que fica debaixo da iluminação brilhante e glamourosa, e tenta ocultar o tal brasileiro típico. Mas os fatos são fatos e falam por si. Lembrei do sentimento que causei quando certa vez comentei que gostava de assistir ao Chaves... As pessoas cultas, sofisticadas, "gente bonita", "educada" blablabla' não gosta do que acham ser feiuras e pobrezas latinas... (brasileiras, tanto faz..) É a mosca na sopa...
[Sobre "Desconstruindo Marielza"]
por
gaivotanoazul
15/3/2005 às
16h36
201.14.241.249
(+) gaivotanoazul no Digestivo...
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é preciso ter personalidade
Ah, moça... eu digo que é muito triste estarmos assim, tão solitários. Às vezes, aliás, na maioria das vezes, eu gostaria muito de poder interagir com as pessoas ao redor de mim. Mas eu me vejo incapaz de fazer isto verdadeiramente, porque um me vê descrente e diz que preciso de religião. Então eu penso "não, obrigado, vou agüentar sozinho o peso de existir, porque não acredito no seu deus". Outro estranha as músicas que escuto e acha tudo muito esquisito. Então eu me afasto porque não quero escutar a rádio que toca toda aquela música ruim movida à jabá. Quando me aproximo de alguém e falo de literatura, não é difícil que um ou outro diga que gosta de ler. Mas quando pergunto o que a pessoa lê e ela cita algum best-seller "daqueles", já me dói continuar conversando. Encontro algum velho amigo que me cobra... "já casou?", "qual é seu carro?" ou se espanta quando eu digo que nunca gostei de Chaves (e é verdade, feliz ou infelizmente). Pô, eu passei a vida ouvindo as pessoas dizerem que é preciso ter personalidade. Bom, eu criei a minha. Mas vejo que há diversos "grupos" de pessoas uniformes. Todos seguindo o mesmo padrão de comportamento, acreditando, vendo, consumindo sempre as mesmas coisas. Sim, talvez as pessoas possam dizer que sou esquisito, que sou um doente ou sei lá o que. Mas... apenas eu e os que são mais ou menos como eu? Nossa! ("Cruz-credo!", alternativamente) Eu divaguei tanto que fugi do assunto "religião-tê-la-ou-não-?". Sinto que a religião é o aspecto mais importante de todo um conjunto de controles. Não quero, não quero mesmo. Obrigado se o cordeiro morreu para nos limpar dos pecados, mas eu não pedi, nem mesmo eu existia antes... Bom, eu poderia fazer média e brincar de faz de conta, mas não me é possível, estes brinquedos não me agradam. Então, eu me privo da convivência com tanta gente, ou engulo sapos em relação às pessoas com quem tenho de me relacionar. Bem que eu gostaria de pedi-los que se afastassem, para que eu "carregue minha cruz" mais tranquilamente... seja como for, a solidão me é angustiante, mas é o melhor que posso fazer por mim. Beijão! E pode me xingar, se eu viajei muito...
[Sobre "Deus está morto: Severino para presidente"]
por
Alessandro de Paula
15/3/2005 às
16h33
200.204.153.101
(+) Alessandro de Paula no Digestivo...
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o que eles lêem?
Ao ler o texto veio-me à lembrança os personagens de Alfred Musset: Dupuis e Cotonet que procuraram um sábio "que se gabava de conhecer literatura", para definir o que é romantismo. Listas de jornais e páginas de livrarias relacionam os livros mais vendidos. Será que é preciso ir a uma locadora de livros num bairro de classe média da cidade do Rio de Janeiro para se saber o que lêem os ipanemenses e daí concluir que tipo de literatura o brasileiro médio consome? Cito Elias Thomé Saliba - "quais os padrões mínimos de verdade num mundo onde os limites entre o possível e o impossível foram decisivamente abalados?" Por instantes deixei o século XXI e fui conduzido pela palavra "utopia" à França de 1836 - 1841, período da "construção das utopias"...
[Sobre "Abismos literários"]
por
luiz fernando
15/3/2005 às
14h57
200.252.60.253
(+) luiz fernando no Digestivo...
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Julio Daio Borges
Editor
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