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Sexta-feira,
18/3/2005
Comentários
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um grande passo
Julio, é preciso coragem para se dizer incapaz. Sou de uma geração bem anterior à sua. Sou nascido nos anos 50. Muito velho, talvez, para meter minha colher de pau nesse angu. Mas, diante do seu texto, fico mais à vontade para dizer que, já escrevi sobre o tema em meus comentários, me assusto, incrível, mesmo passando pelas mudanças que minha geração passou, com a voracidade com que esses jovens se lançam às páginas brancas. Daí, perdoem-me se sou repetitivo, a questão colocada por Richard Senneth em "Declínio do Homem Público": "por que há tantos poetas e menos leitores de poesia?" Não tenho fórmulas, receitas ou certezas. Minha geração participou de movimentos sufixados por "ismos", que a mim serviram para que eu carregue a seguinte questão: "mundos ideais se existirem, só em nossas vãs cabeças." Entretanto,a porta da literatura era aberta para nós por Monteiro Lobato. A ele se seguiam: Manuel Antonio Almeida, Taunay, Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Clarice Lispector, Lima Barreto... No cinema vivemos "O Cinema Novo", Glauber e outros, no teatro o grande mestre, entre outros, Ziembinski, na música Ary Barroso, Noel Rosa... Mesmo providos de uma pequena bagagem não nos atrevíamos a sair com nossos cadernos a querer transformá-los em espelhos de nossos autores. Cadernos que só se fechavam após muitas horas de cadeira. Hoje, parece-me que vivemos a ânsia das páginas brancas que devem ser preenchidas como a produção em série de "chips". Mas, penso que nem tudo está perdido. Repito, desculpem-me os leitores: há duas formas de se ler o holocausto uma pela visão do Primo Levy e outra pela visão do Imre Kertész. Você colocou a questão, penso que já demos um grande passo.
[Sobre "Autores novos"]
por
luiz fernando
18/3/2005 às
17h19
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(+) luiz fernando no Digestivo...
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escrever ou não escrever?
Julio, admiro a coragem daqueles que com banquinhos, "blogs", livros ou filmes colocam seus "blocos" na rua. Escrevo, como Artaud, para aplacar um vulgão em erupção na minha cabeça. São cadernos do meu cárcere neste mundo. Portanto, não saberia classificá-los: contos, crônicas, aforismos, cartas, bilhetes, prosa. Acompanha-me um leitor/crítico, que trago em mim, que espreita meus textos e faz com que eu os conserve nas páginas desses cadernos enfileirados numa prateleira qualquer. Por ler muito, não me sinto em condições de produzir textos como os de Celine, Cioran, Thomas Bernhard, Schopenhauer, Nietzsche, o mesmo Artaud, Bowles, Proust, Machado de Assis, Lima Barreto, Raduan. Cheguei a um número de anos que me dão uma única certeza: não os poderei vivê-los em igual número. Entretanto, questiono-me, como Silvano Santiago e Lars Von Trier e tantos outros, se ao escrever ou produzir uma peça teatral ou um filme devemos fazê-los para o autor ou para o povo, a massa? Recorro a Gadamer em "Verdade e Método" que afirma ser mais difícil questionar do que responder. Por isto quedo-me na dúvida. Acabei enredando-me... Tudo isso para concluir que há duas maneiras de interpretarmos o holocauto: uma na visão do Primo Levy e outra na do Imre Kertész.
[Sobre "Apocalípticos, disléxicos e desarticulados"]
por
luiz fernando c.
4/3/2005 às
17h12
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(+) luiz fernando c. no Digestivo...
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Julio Daio Borges
Editor
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