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Sábado, 9/11/2002
Comentários
Toni

Novos tempos
Um curto preâmbulo: o advento da prensa móvel de Gutemberg barateou a reprodução dos livros no fim da Idade Média, trazendo consequências políticas e sociais das mais relevantes, entre elas o enfraquecimento do monopólio da Igreja sobre o pensamento das elites, o surgimento do Estado moderno e a paralela deterioração das instituições feudais. Para se ter uma idéia de escala de valores, antes de Gutemberg um exemplar da bíblia sagrada (copiada a mão, evidentemente) valia uma pequena fortuna, o suficiente para se comprar uma mansão da época! Gutemberg tornou possível que não apenas milionários tivessem suas Bíblias, mas que pessoas comuns também as adquirissem. Esse fato repercutiu dramaticamente na disseminação do conhecimento religioso (inicialmente) e em todos os outros campos (numa segunda etapa). No século atual, é de se esperar que as novas tecnologias de informação (micro-computador, internet, etc) tenham impacto político-social ainda maior do que o causado pelo invento de Gutemberg, ocorrido na transição dos séculos XIV/XV. Concordo com o que você comenta no artigo acima, quanto à provável perda de importância relativa das grandes cidades. Indo mais além, acho que a estrutura política das sociedades contemporâneas sofrerá, a curto e médio prazos, alterações significativas, como, por exemplo, a perda cada vez mais evidente da importância relativa do próprio Estado-nação. Se me permitir, vou assinalar, a título de exemplo, duas possíveis consequências do que acabo de comentar: os preços relativos dos imóveis em áreas menos nobres das grandes cidades entrarão em suave e permanente queda; o que resta do prestígio dos políticos (agentes do Estado-nação) terá a sua trajetória de declínio cada vez mais acentuada. É esperar e torcer (particularmente no caso dos brasileiros) para ver. Um abraço.

[Sobre "Megalópoles de informação"]

por Toni
9/11/2002 às
16h38 200.179.22.130
 
Correção
Na frase acima onde está "decidi insistir 1) no linguajar...", leia-se por favor "decidi: 1) insistir no linguajar...". Obrigado.

[Sobre "Minha pátria é a língua portuguesa"]

por Toni
9/11/2002 às
16h35 200.179.22.130
 
A minha também
Há uns dias fui retirar uma mala que tinha anteriormente deixado armazenada no setor de guardados da rodoviária Novo Rio (Rio de Janeiro). O funcionário do atendimento me perguntou quando eu havia entregue a referida mala e, em resposta, disse que tinha sido no dia primeiro. Para minha surpresa, ele não entendeu! Primeiro o que? - perguntou. Diante de sua inusitada reação decidi insistir 1) no linguajar correto (não é o culto que tem que se adaptar ao primitivo e sim the other way around); e 2) resistir à tentação de ser bonzinho e tentar ensiná-lo a falar corretamente, não teria muito cabimento. Mas aqui acho louvável a iniciativa de nosso editor. Cheers!

[Sobre "Minha pátria é a língua portuguesa"]

por Toni
9/11/2002 às
16h17 200.179.22.130
 
Sobre a Argentina
Prezado Eduardo, parabéns pela crônica interessante e informativa. Da Argentina só conheço Buenos Aires e sempre imaginei que, tirando a européia e civilizada capital, o resto do país fosse atrazado e pouco desenvolvido. O seu artigo me encoraja a que eu reveja a imagem que fazia do vizinho país. Um abraço.

[Sobre "Uma verdade incômoda"]

por Toni
9/11/2002 às
16h09 200.179.22.130
 
Bela apresentação
Parabéns ao Jardel pela apresentação da renomada poetisa de Vila Viçosa. A mim chamam a atenção dois aspectos (possivelmente contraditórios) de Florbela Espanca, a saber, por um lado, o respeito e o culto à beleza da vida, patentes em seus poemas, e, por outro, a negação à própria vida, com seu suicídio aos 36 anos de idade. Pensando bem, talvez mais do que poetisa essa notável portuguesa tenha sido uma filósofa... (eles às vezes enxergam com clareza o que a maioria de nós, quando muito, apenas consegue tenuemente vislumbrar).

[Sobre "Florbela Espanca, poeta"]

por Toni
5/11/2002 às
13h30 200.193.227.2
 
O pensamento de cada um
Continuo achando que o Júlio está mais preocupado em manter o Digestivo como o forum inteligente que é, sem abraçar necessariamente causas ideológicas (além da do bom gosto, do bom senso, da liberdade de expressão sem patrulhamentos). Quem lê frequentemente o site vai concordar. O texto acima, acerca da lulidade, me parece apenas um comentário oportuno em torno do absurdo que está por acontecer (uma marionete, operacionalmente analfabeta, na presidência do país) do que uma "saída do armário" retumbante, em que o autor optaria por esta ou por aquela circunscrição "ideológica". A realidade é um tanto mais complexa (e as pessoas também). Aliás, para usar uma metáfora mais adequada em relação ao momento trágico que estamos vivendo, o buraco é mais embaixo...

[Sobre "Lula: sem condições nenhuma*"]

por Toni
26/10/2002 às
17h57 200.165.226.138
 
Lucidez serrana
Alexandre, parece que é chegada a hora de "run for cover". Os cubanos, às vésperas da instalação da ditadura de fidel, tinham a Flórida a menos de duzentos quilômetros de distância e reconstruiram a duras penas, no sul daquele estado, uma mini-Havana, mesmo clima, mesmo mar morníssimo, mesmas palm trees... Claro, fácil é falar agora, depois de décadas de "recomeço" em uma terra que, afinal de contas, não era a deles e que não "estava no programa". Aqui no Rio conheço várias pessoas que, precavidas, já requisitaram a nacionalidade portuguesa dos avós, ou italiana (ou polonesa!!). Run for cover. Pena. Muita pena. Decididamente, não "estava no programa"... Parabéns pela bela crônica. Um abraço.

[Sobre "Matrix, ou o camarada Buda"]

por Toni
21/10/2002 às
12h35 200.154.144.165
 
Sobre os blogs
Há poucos sites escritos em português que dedicam algum espaço à reflexão sobre a internet e, entre eles, em menor número ainda os que o fazem com a atenção e isenção do Digestivo. Portanto meus aplausos, e de pé! Having said that... não tendo a tratar a mídia tradicional com a mesma reverência do nosso articulista, Júlio, como a deduzo a partir da crônica "A internet e os blogs". Por outro lado, vejo o fenômeno dos blogs com mais admiração do que a que se depreende da leitura da mesma crônica. Não tenho bola de cristal, mas acho que no futuro os jornais terão "menos" importância relativa, e a disseminação da informação (e sua interpretação) através da internet "mais" importância relativa. Nos Estados Unidos, que inventaram a internet, já há blogs que competem em audiência e credibilidade com muitos jornais, como o site do Matt Drudge, para ficar no principal exemplo dessa tendência. Parabéns pelo texto e, mais uma vez, por abrir espaço para esta oportuna discussão! Um abraço.

[Sobre "A internet e os blogs"]

por Toni
10/10/2002 às
12h08 200.154.144.165
 
Metáfora feliz
As primeiras linhas que compõem o parágrafo inicial de sua crônica constitui uma metáfora feliz: não apenas cumpre sua missão de metáfora, de dizer com outras palavras uma verdade antes encoberta, como o faz com clareza, elegância e resumidamente. Parabéns! Quanto ao texto restante, concordo inteiramente com sua avaliação. O Brasil não só poderá, como deverá se fragilizar ainda mais, trocando o socialismo acanhado desses nossos últimos oito anos, por uma forma mais bruta ainda, desinibida, de interferência governamental na vida das pessoas. O que me escandaliza mais na experiência cubana (que passará a ser o novo norte) não é tanto a deterioração no nível de bem estar material nos quarenta anos de comunismo, mesmo quando me apontam para o tamanho da queda sofrida pelos cubanos (basta dizer, nesse sentido, que em 1960 Cuba era superada apenas por Estados Unidos e Canadá em excelência de nível de vida nas Américas, enquanto hoje exibe o quadro melancólico de indigência que se conhece). O que se afigura ainda mais grave do que o colapso econômico, a meu ver, é o colapso moral das relações humanas sob a "ditadura do proletariado" (que em nada é diferente do horror nazista). O incentivo à delação, a prática desenfreada da mentira, o salve-se-quem-puder permanente, o achatamento constante do indivíduo diante dos representantes da burocracia, etc., a lista da degradação é extensa. Nesses momentos traumáticos, dizem, ganha mais valor relativo o mundo do pensamento e das idéias (mesmo que se tenha que sussurar). Enriqueçamos nossas bibliotecas...

[Sobre "Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse"]

por Toni
3/10/2002 às
14h04 200.154.144.165
 
Homem revoltado
Boy is this an interesting subjet. Primeiro vamos aos fatos. É sabido que toda organização humana necessita da adesão de seus participantes para existir. Nesse sentido, o papel arregimentador da grande mídia tem sido, em todas as instâncias, fundamental para a manutenção de leviatã. Em segundo lugar, vamos à crença (à "minha" crença, do que "acho" que irá suceder). O estado-nação is doomed. Tornar-se-á irrelevante e em processo de crescente obsolescência, tal como ocorreu com a Igreja, a partir do século XV. Tanto ele, quanto a grande mídia, quanto todas essas estruturas pesadas da atualidade, cederão lugar a uma arquitetura de menor escala nas relações humanas. Para concluir, uma palavra sobre esse homem/mulher revoltado(a). Ele(a), quero crer, é sintoma e não causa do quadro de referência. E o perfil a ser beneficiado é daqueles que têm capacidade de reflexão, de introversão, em contraste com os que agem mais por impulso. Tem-se podido observar essa troca de guarda até em sites como o do Digestivo, onde o bem articulado editor nos possibilita a leitura de representantes do "antigo" (por assim dizer), como também, e majoritariamente, diria, do "novo". Revoltado (estou dirigindo a pergunta a mim mesmo)? Como qualquer ser humano, às vezes...

[Sobre "Digestivo nº 100"]

por Toni
25/9/2002 às
13h03 200.154.144.165
 
Sem mudar de assunto
Prezado Evandro, como foi assinalado, de Bagehot, "é importante a imponência da Constituição inglesa" e, mais adiante, "a existência de uma realeza dá segurança ao povo". Nada mais distante de nossa realidade. Quando as leis são alteradas todas os dias, na verdade é como se não houvesse leis, me parece. Tem-se tudo, menos segurança. Excelente ter-se lembrado do ilustre Joaquim Nabuco. Parabéns pelo texto! Um abraço.

[Sobre "Apesar da democracia"]

por Toni
24/9/2002 às
09h10 200.154.144.165
 
Leitor assíduo
Prezado Eduardo, tomara que você, mais adiante, já exercendo seu futuro ofício, "domine" o mundo dos negócios, da mesma forma como desde já "domina" a nossa nobre língua. Será obviamente bom para seu merecedor bolso e, com absoluta certeza, bom também para a sociedade at large. Por hora, além dos votos de sucesso, desejo sublinhar o prazer que me deu ler a crônica intitulada "Hoje a festa é nossa". Dizem que tempos de turbulência são bons para o mundo do pensamento. Nunca imaginei que um dia diria o que segue mas, if that's the price we have to pay, viva a turbulência... Abraço.

[Sobre "Hoje a festa é nossa"]

por Toni
23/9/2002 às
14h02 200.154.144.165
 
Em torno da verdade
Gostaria de reiterar os parabéns ao nosso colunista pelo texto. Como havia comentado antes, tive a sorte de ter sido criado recebendo estímulo ao diálogo e à livre manifestação de pensamento, sem me sentir ameaçado, e por esse motivo me causa estranheza o ambiente carregado de intolerância e de ideologia fanática que rege tantas universidades. Aqui no Rio houve um caso que se tornou notório, o de alguns estudantes esboçarem um começo de resistência a essa hegemonia ideológica, assinalando, em jornal deles mesmos, fatos históricos em torno da escravatura africana (mais que comprovados, por inúmeras fontes) que por acaso não condiziam com o politicamente correto. Esses alunos foram praticamente linchados (fisicamente) por colegas descontrolados. Quando a poeira se assentou, o reitor (Padre Jesus não sei das quantas) se posicionou a favor dos linchadores!! Ou seja, pode-se constatar que esses marginais, vestidos de estudantes, não passavam de marionetes teleguiadas, no mesmo padrão cubano-estalinista. Se, apesar desse quadro tenebroso (que em escala liliputiana está se reproduzindo aqui), há razão para não se ter desesperança é o fato, facilmente constatável (salta aos olhos, as a matter of fact) de que a única coisa que esses censores têm do lado deles é serem numerosos. Mas isso não é suficiente para ganhar a discussão, porque a verdade, com o tempo, tende sempre a se impor. Advirto que pode demorar (na Rússia, no século XX, a civilização só retornou após oitenta anos de opressão), mas a verdade vence. Sempre.

[Sobre "Festa na floresta"]

por Toni
13/9/2002 às
12h16 200.154.144.165
 
Sobre a web
Rogério, agora que você sublinhou, pode ser mesmo que seu comentário evoque, ainda que muito por alto, os testemunhos born-again de inspiração evangélica. But so what... Está tudo de bom tamanho, na medida. A gente percebe e se contagia com seu entusiasmo, com o otimismo do texto, diria até com a "adrenalina" ali presente. É verdade que uma corrida de fórmula I, por exemplo, também transmite adrenalina. Só que é o seu "depoimento", me parece, o mais sintonizado com a vida. Seja como for, concordo com o que se afigura ponto focal da mensagem, em outras palavras, reconhecer o serviço excepcional para a causa do bem que pode ser prestado pela grande teia. Também gostaria de saudar o Evandro Ferreira, de quem sou leitor, pela clareza de seu "O underground e o Estado" e agradecer o autor pelas indicações de "para ir além". Abraços.

[Sobre "O underground e o Estado"]

por Toni
12/9/2002 às
15h26 200.154.144.165
 
Notícias de longe
Prezado Eduardo, desde que terminei o curso de graduação tenho me mantido distante de universidades de uma maneira geral. Como em casa fui criado com certa dose de independência intelectual, o clima de "pensamento único" que impera hoje em muitas universidades me é estranho e francamente antipático. A propósito, não faz muitos anos, aqui na PUC do Rio alguns estudantes foram praticamente linchados por, em determinado momento, terem esboçado um começo de resistência à ideologia dominante (em torno de fatos históricos sobejamente comprovados acerca de antecedentes da escravatura africana). Portanto leio sua coluna como a resenha de um lugar distante. Distante e um tanto primitivo, se me permite fazer eco a seu lamento. Você, certamente mais jovem e mais próximo dos acontecimentos, ainda se espanta diante do quadro que vê. Eu, francamente, nem isso... Um abraço.

[Sobre "Festa na floresta"]

por Toni
9/9/2002 às
15h39 200.154.144.165
 
Julio Daio Borges
Editor
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