A cortina do imponente teatro abriu-se lentamente. Era dia da estreia da peça. Um casal de atores, já presentes no palco, iniciaram o primeiro diálogo. Júlia e José eram recém-casados; as falas mostravam amor e harmonia entre os dois. Jovens de classe média, conversavam sobre suas carreiras e o desejo de ter filhos.
O cenário, bastante rico, representava a sala de estar da residência de uma família abastada. À medida que a trama se desenrolava, outros personagens, com papéis secundários, apareceram no palco. Um casal de amigos, um advogado, a empregada. Finalmente, surgiu a atriz principal, Marisa Maya. Muito conhecida da televisão, seu aparecimento fez várias pessoas da plateia baterem palmas em cena aberta, interrompendo momentaneamente a apresentação. Mulher lindíssima quando moça, mostrava-se ainda deslumbrante na maturidade. O figurino, bem escolhido, acentuava sua beleza. Seu personagem era Aurora, a mãe de Júlia, cantora de ópera famosa. Sofisticada e refinada, as falas em português culto contrastavam com a linguagem coloquial e um tanto vulgar da filha.
Marisa Maya é uma atriz experiente e carismática, o que fez o interesse da plateia aumentar. Na peça, Aurora veio morar por algum tempo com o casal, durante obra em seu apartamento. Conversa muito com José, o que desperta ciúme na filha. É óbvio o poder de sedução que a mãe de Júlia exerce sobre o genro.
Aurora sai de cena e Júlia acusa o marido.
“O que você quer com minha mãe? Parece que você está paquerando ela. Ela é sua sogra, viu? E muito mais velha que você.”
“Que bobagem, Júlia. Eu me dou bem com ela, só isso. Você tem ciúme de todo mundo.”
“Pois trata de ficar longe dela, viu? Conheço minha mãe, ela adora seduzir qualquer homem que esteja perto.”
A discussão continua até que a cortina se fecha. Fim do primeiro ato; o público vai para o saguão e conversa animado. Enquanto isso, porém, atrás da cortina, nos bastidores, inicia-se uma discussão, a princípio em tom baixo para ninguém do público poder ouvir.
“Eu já disse várias vezes que não estou nada satisfeita com minha posição secundária”, disse a jovem atriz que interpreta Júlia. “Só porque essa mulher trabalha na televisão, me passaram pra trás. Meu nome está menor do que o dela nos cartazes. E em segundo lugar. Toda a propaganda do espetáculo foi feita em torno dessa Marisa Maya. Mas o meu papel é o mais importante!”
O diretor, claramente nervoso com essa pendenga no meio da apresentação, tentou botar panos quentes.
“É claro, querida, mas você sabe como é o público. Marisa Maya é famosa. Só fizemos isso pra vender mais ingressos. Mas a atriz principal é você!”
A jovem levantou a voz. “Tudo bem, mas pra continuar no elenco exijo que troquem os cartazes. Quero pelo menos o mesmo destaque que ela!”
“Shhh! Fala baixo pelo amor de Deus. Olha, o público está voltando, já tocaram o sinal três vezes. Vamos terminar o espetáculo, depois a gente resolve isso.”
Começa o segundo ato. A trama da peça se adensa. Aurora aparece sozinha no palco; sentada no sofá, fala em monólogo sobre sua solidão e carência. O genro surge e senta-se a seu lado.
“Espero que você esteja gostando de ficar aqui em casa. De minha parte, me sinto honrado por você estar morando com a gente, mesmo por pouco tempo!"
Aurora não responde. Uma lágrima escorre pelo seu rosto, e José percebe.
“Querida sogra! O que houve? Uma lágrima! Está triste? O que posso fazer pra ajudar?”
A mulher percebe o interesse indisfarçado do jovem genro, e os dois se engajam num jogo de sedução. Aurora tenta captar sua compaixão narrando as dificuldades de sua vida solitária; José tenta consolá-la. Aproxima-se dela cada vez mais no sofá, e suas mãos tocam suas coxas.
“Sou louco por você”, murmura o rapaz por fim. “Você é a mulher mais maravilhosa que conheci.”
Aurora afasta José, tentando mostrar-se sensata.
“Você é casado com minha filha, tenha juízo, vamos parar com isso.”
No entanto, a atração mútua é óbvia. Os dois acabam se abraçando com sofreguidão, e saem de cena em direção ao quarto. Gemidos, suspiros, gritos de prazer abafados.
A cortina se fecha por uns poucos minutos. Quando se abre de novo, Julia está voltando do encontro em um restaurante que tivera com amigas. O marido está sozinho na sala, sentado com a cabeça entre as mãos.
“Tenho uma notícia boa pra te dar. Estou grávida!”
Em vez de pular de alegria, José olha a esposa com expressão estarrecida. Pela reação inesperada, Júlia percebe que alguma coisa está errada.
“Onde está mamãe?”
José não responde e continua de cabeça baixa. Júlia olha desconfiada e corre para o quarto onde está a mãe.
A cortina se fecha mais uma vez para o segundo intervalo e os atores se reencontram nos bastidores. A discussão agora era sobre quem seria a última a aparecer no palco, privilégio reservado à atriz principal. Ficara resolvido nos ensaios que seria Marisa Maya, o que agora era contestado pela atriz mais jovem.
“Mas será possível isso, minha filha? Por que você aceitou antes, e agora, no meio do espetáculo, vem com essas exigências?” O diretor estava ficando frenético e mal conseguia manter a voz em tom baixo.
“Porque só agora tomei consciência de meus direitos. Você e aquela velha megera estão querendo me explorar. Mas não vou deixar que isso aconteça!”
Desta vez, Marisa Maya resolveu interferir.
“Querida”, disse em tom irônico para a jovem, “você ainda precisa percorrer muito chão pra chegar ao meu nível. Se é que algum dia vai chegar. Faço questão de ser aplaudida por último. Além disso, é o que o público quer!”
A jovem “Júlia” reagiu mal.
“Não vou aceitar suas exigências, baranga. O seu tempo já passou. Reconhece, e deixa o lugar para as mais novas!”
A atriz de televisão respondeu com uma sonora gargalhada.
“É o que você mais queria, ter um contrato com a Globo como eu. Isso não vai acontecer nunca!”
As duas atrizes aproximaram-se perigosamente. Temerosos do que poderia acontecer, o resto do elenco e o diretor tentaram apartar. Ninguém notou que o terceiro sinal já havia soado. Repentinamente, a cortina abriu-se mais uma vez. Uma cena espantosa revelava-se ao público. “Júlia” e sua “mãe” engalfinhavam-se no palco. Os outros atores resolveram tomar partido de uma ou de outra, o que resultou numa briga geral. Barulho de gritos, tapas e roupa rasgada abafando as ordens do diretor, que acabou retirando-se do palco com as mãos na cabeça.
Dia seguinte, o principal jornal da cidade estampava manchete na segunda página:
BRIGA NOS BASTIDORES INTERROMPE ESTRÉIA DE PEÇA
Boletim de ocorrência foi feito na 10a Delegacia, após Polícia ser chamada
A cidade do Rio de Janeiro, fonte inesgotável de inspiração, é cenário frequente neste livro de contos de DIANA GUENZBURGER. No purgatório da beleza e do caos, a escritora, eclética, passeia por muitos temas. O sentimental e o romântico aparecem, entre outros, em “SOLIDÃO”:
Uma mesa, duas cadeiras, algumas prateleiras. A única luz vinha do abajur sobre uma mesinha encostada na parede. O homem encontrava-se sentado, um copo na mão e uma garrafa na mesa. Cabeça baixa, apoiada nas mãos. Parecia tão desamparado, um cão abandonado. Tive pena e, sem esperar convite, sentei-me na outra cadeira.
e “O ÍDOLO DA TORCIDA”:
Dirigiu-se à Barra da Tijuca e estacionou junto à praia. Sentou-se num banco de pedra e ficou olhando o mar, meio perdido. Sentia-se inseguro. Como faria, o resto da vida sem o assédio dos fãs? Ia ficar um vazio.
A violência, sempre presente na cidade, é abordada, entre outros, no original “CARNAVAL NA FAZENDA”, que mistura reportagem com ficção: ...homem é ferido em confronto entre policiais e bandidos no Catumbi... moradora é morta durante tiroteio no Alemão...
Os homens renderam Jorge e mandaram todo mundo sair do carro.... Fizeram a limpa. Queriam levar o Jorge para pegar dinheiro nas máquinas, ele se recusou. Diz que prefere morrer do que largar as crianças.
Impossível esquecer o social, que permeia os textos. O papel escravizante da mulher como cuidadora aparece em “CINDERELA MODERNA”:
Mais um domingo de sol. Cristina, na janela do seu quarto, observava as crianças brincando . Do outro lado da casa, ouviu-se uma voz rouca chamando:
“Cristina, anda logo!”
“Já vou, mamãe.”
e os resquícios da escravidão, até hoje presentes na empregada doméstica, em “A EMPREGADINHA”:
A patroa foi logo enfileirando uma série de obrigações, que Marinalva teria que cumprir. A pobre foi tratando de obedecer o mais rápido possível, com medo de perder a oportunidade do emprego. Estava difícil trabalhar no Rio de Janeiro. Pior no interior da Paraíba, de onde viera e deixara a família. Lá, as pessoas passavam fome mesmo.
Humor, mistério, problemas familiares, distopias, um pouco de tudo neste livro de ficção de agradável leitura. O fantástico, gênero cultivado pela escritora, é representado em vários contos, entre eles “O PÁSSARO PRETO”:
Um sábado, estava abrindo a porta para sair de casa, quando reviu o animal. Estava de pé em frente à soleira, as asas arriadas. Parecia esperá-la. Quando a viu, abriu as asas de enorme envergadura e gralhou, parecendo ameaçá-la. Desta vez, já devia ter mais de dois metros de altura.
O efêmero, o inusitado, o inesperado, tudo ocorre, como em “ENCONTRO EM IPANEMA”:
O garçom voltou, parecendo um tanto impaciente:
“Já escolheu o seu jantar?”
“Aguarde um pouco, estou esperando alguém, deve ter-se atrasado, com esse trânsito...”
“Senhorita, vamos fechar”.
Era o maître.
O novo filme de Clint Eastwood , “Jurado número 2”, não é um filme clássico de tribunal no qual, dentre tantos clichês, alguém é preso ou salvo na última hora por uma prova, uma testemunha, um fato inesperado. É um filme sobre a incerteza, ou, para sermos certos, é sobre a falibilidade do indivíduo e de suas instituições.
Justin Kemp ( Nicholas Hoult ) é um homem jovem ex-alcoólatra que escreve para a imprensa local, sua esposa está em uma gravidez de risco e que é escolhido para participar de um júri popular que julga um caso de homicídio.
Ele descobre que o caso em questão está diretamente ligado à possibilidade de ser ele o verdadeiro culpado. Enredado pela situação, ele procura modificar a opinião do júri que, em um primeiro momento, vota unânime pela condenação do acusado.
Trancados em uma sala para deliberar sobre seus votos, após as dúvidas lançadas por Kemp, os jurados começam a se questionar sobre suas certezas em relação à culpa do réu. As particularidades de cada um dos votantes se afloram e interferem em seus julgamentos levando o veredito a um impasse.
Pôster de “12 homens e uma sentença”. Fonte: Filmow
É claro que algum cinéfilo (sic) já deve ter escrito que a grande referência aqui é o maior filme sobre julgamento já feito, o incomparável “12 homens e uma sentença” (“12 Angry Men”, 1957), de Sidney Lumet , o clássico que se passa todo em uma sala na qual os jurados devem deliberar sobre um crime.
Se o estimado leitor puder faça uma grande sessão e veja os dois filmes. Você perceberá o quanto da genialidade de Lumet está presente no filme de Eastwood.
Mas o mais importante aqui é pontuar que “Jurado número 2” vai além dos julgamentos e interpretações dos jurados (e isso de modo algum é um defeito do filme anterior), mas se estende para uma contundente crítica tanto à nossa certeza sobre nossos julgamentos e escolhas, quanto sobre a legitimidade das instituições.
Afinal de contas, um provável inocente poderá ser condenado à prisão perpétua dentro de um sistema que envolve não somente as decisões dos votantes, mas uma eleição para a promotoria do estado pleiteada pela advogada de acusação que tem como uma de suas bandeiras a violência contra a mulher.
As certezas dos jurados que começam a cair são acompanhadas pelas dúvidas lançadas sobre o sistema. Se Kemp não estivesse no Júri ele teria uma crise de consciência? Uma injustiça se consumaria?
O começo do filme faz a alusão a essa dúvida quando a deusa da justiça aparece na tela iniciando a narrativa, provocando no espectador um questionamento sobre a infalibilidade dos homens e de seus sistemas.
Verdade e justiça, um dos binômios que formam a ética, a moral e a modernidade, são os temas em questão.
Mas a sociedade moderna nos levou a acreditar em muitas certezas, presos, de certa forma, em um princípio iluminista de que a razão é a dádiva que define o homem e a vida. Pela racionalidade e necessidade acreditamos no estado, no sistema de justiça no nosso bom senso e no dos outros.
Bom, isso em tese. Em tese porque a modernidade está longe de ser a fiel depositária do princípio cartesiano da racionalidade como a grande condutora da existência.
Estado, poderes do estado e poderes privados e indivíduos sempre suscitam dúvidas, inexatidão, incertezas em suas ações.
Diríamos que é assim, porque o humano é assim, mutável, incerto e não um autômato a reagir da mesma forma aos mesmos comandos.
Daí precisarmos de códigos, regras, padrões que forcem nossos atos a seguirem determinados caminhos.
Max Weber foi quem melhor analisou essa condição do ponto de vista do poder. Esse poder coercitivo que nos empurra para o cumprimento de normas, regulamentos e leis ele denominaria de poder (dominação) racional.
Max Weber. Fonte: openlibrary.org
Ele demonstrou a conexão necessária para o desenvolvimento da modernidade e do capitalismo entre, por exemplo, o estabelecimento da necessária burocracia (um tipo ideal, na acepção weberiana, que estabelece padrões rígidos das ações e comportamentos) e do direito, fundamentados em uma racionalidade baseada nas instituições e suas leis como forma de objetividade e de previsibilidade.
A uma determinada ação fora dos padrões legais, um homicídio por exemplo, deve corresponder, pela objetividade racional das normas, um tipo de punição, sustentada nos critérios previamente definidos que a norteiam.
O filme de Eastwood coloca em xeque exatamente o funcionamento desses pressupostos e da racionalidade que os sustenta.
É preciso colocar a verdade e a justiça lado a lado novamente, ou para assegurar os próprios interesses e o funcionamento do sistema, verdade e justiça nem sempre caminham juntas?
É isso que se questionam os jurados, o jovem casal e a advogada de acusação. Ela também começa a duvidar se está acusando o homem certo e, quando percebe que pode estar errada, questiona o próprio Kemp.
Clint Eastwood. Fonte: Wikimedia.org
É Kemp quem agora traz essa argumentação para o filme, dizendo que ela, a advogada, poderá escolher entre prender um homem culpado, mas um bom homem e destruir sua família, ou um homem inocente, mas um homem mau.
Aqueles que estavam repletos de certezas sobre a culpa e a inocência do acusado já não as possuem mais.
O indivíduo e os sistemas racionais foram implodidos por aquilo que caracteriza, mesmo que nós não admitamos, o humano e seus aparatos técnico-burocráticos, sua falibilidade.
Em uma das cenas finais do filme, após o veredito que condena o acusado, o advogado de defesa vai ao escritório da advogada de acusação, agora eleita promotora do estado.
Ele a presenteia com uma planta (parece a planta que no Brasil, em algumas regiões, chamamos de Espada de São Jorge, nada mais sugestivo) dizendo que a planta cresce com a indiferença.
É uma cena síntese. É um fala mortal para as convicções que eram inabaláveis sobre o indivíduo, sua moral e sua justiça.
Esse mundo agora está desencantado dessas ilusões. Sua única certeza é que a incerteza é a lei.
Admitamos, a maioria das pessoas nunca viu o primeiro “Nosferatu”, de Murnau, de 1922. Dito essa obviedade, é preciso dizer outra, falar do último “Nosferatu”, de 2024, só faz sentido se houver alguma menção ao primeiro.
Não sei o quanto o diretor do mais recente filme sobre o vampiro, Robert Eggers , diz ter se baseado no filme anterior. Na verdade, isso não importa. Só importa para os textos sobre curiosidades e críticos profissionais (sic).
A tecnificação da crítica não está assim tão separada do predomínio da técnica em um filme. Esse é um debate antigo que remonta, como sabemos, à filosofia da arte grega. Mais especificamente, a relação entre técnica e arte.
E esse debate está aqui presente nessa nova versão do Conde Orlok. Exatamente porque você começa a ver essa nova versão e imagina que sim, as imagens são bonitas, o figurino é bem feito, a história segue um ritmo (todos esses são clichês da crítica profissional) e a coisa se encaminha para uma surpreendente refilmagem de um clássico.
Até que a voz sibilante do vampiro recoloca você na realidade do cinema de horror contemporâneo. Todos os monstros atuais que falam ou emitem algum som usam efeitos semelhantes.
Para serem assustadores é preciso que inequivocadamente eles emitam uma voz metálica, gutural, ou sibilante e avisem, “vejam, somos realmente monstruosos!”.
É isso. A técnica nesse cinema, especialmente no cinema de horror, é um reforço redundante do seu conteúdo.
Fantasmas, bruxas e vampiros devem parecer adornados com todos as marcas daquilo que o próprio cinema tomou como terrífico.
Não faltam aí nem as cenas de sangria desvairada, nem as crises convulsivas da jovem possuída pelo mal (já vimos isso em algum lugar, certo?).
E, em uma das cenas mais originais do filme, quando o Conde acaba de chegar na pequena cidade de Wisburg ele deita a sombra da sua mão sobre a cidade amaldiçoando-a.
Sim, estimado leitor, as mãos que são um dos elementos mais marcantes do “Nosferatu” de 1922, porque elas compõem um personagem que usa sua expressão para transmitir o horror, tornam-se, nessa adaptação atual, um elemento de efeito especial.
Mas lá era não só a interpretação realmente aterrorizante de Schreck, mas, como se sabe, a representação expressionista que, como já escrevi em outro momento (“Nosferatu 100 anos e o infamiliar que em nós habita”), nos coloca diante de alguns dos temas mais importantes do humano, o infamiliar (“Das Unheimliche”).
Lá, esse infamiliar (na definição que Freud toma de Schelling como “tudo o que deveria permanecer em segredo, oculto, mas que veio à tona”) nos é mostrado através de um horror preenchido pelo cenário, pela possibilidade de interpretação e por aquilo que as sombras mostram ocultando.
No terror gótico (sic) desse vampiro atual, nada é sugerido, nada é ocultado. Tudo é terrivelmente explícito, tudo é explícito terrivelmente.
O cinéfilo (sic) deve estar se perguntando se não temos essa mesma estética, por exemplo, no “Drácula” (1992), de Coppola . Afinal de contas, o filme foi chamado por alguns de “a ópera de sangue”.
Esteticamente é a distância entre nosso trabalho de biologia em cartolina da 7ª série e os pombos e coelhos desenhados por Picasso aos 11 anos. No “Drácula”, de Coppola, a ópera flui através do sangue. No “Nosferatu”, de Eggers, o sangue é a única coisa que flui. Cartolinas, coelhos e pombos diferentes.
Talvez a cena mais famosa do Conde Orlok, de 1922, seja sua subida na escada em direção ao quarto da jovem, a cena que ficaria no imaginário de todos, por mostrar as sombras do vampiro ascendendo ao amor e à morte.
Naquele final, Murnau coloca o vampiro diante da jovem e nós sabemos o que acaba de acontecer quando seu marido abre a porta. Mas nada nos foi mostrado. No “Nosferatu” atual, aquilo que não vimos no clássico expressionista, nos é mostrado em close, explicitamente, em carne e sangue.
O vampiro de 1922 precisa das sombras para ser mostrado. No vampiro atual, a sombra não esconde mais nada.
O espetáculo infanto-juvenil "Jacó Timbau no Redemunho da Terra" convida o público a refletir sobre a importância da relação das pessoas com a natureza. A montagem, com direção de Juliana Calligaris e Matheus Augusto, será apresentada na Campanha de Popularização do Teatro de Campinas nos dias 01 e 02 de fevereiro, às 15h - preços populares.
A obra convida o público a uma jornada de autoconhecimento e conexão com a natureza. Por meio da história de Jacó, um homem do campo em busca de seu lugar no mundo, a peça questiona nosso relacionamento com a terra e incentiva a reflexão sobre nossas escolhas e o impacto que elas causam no meio ambiente.
Com uma linguagem poética e personagens cativantes, "Jacó Timbau no Redemunho da Terra” busca despertar a consciência ecológica nas crianças e jovens, promovendo a valorização da vida e a busca por um futuro mais sustentável. No elenco, Estela Pinheiro, Janine Ierullo e Luísa Peluso. A iluminação de Antonio Ginco cria um ambiente mágico e envolvente, transportando o público para o universo da peça.
Convite à reflexão “Jacó Timbau no Redemunho da Terra” é um convite para que todos reflitam sobre a importância de cuidar do nosso planeta e construir um futuro mais sustentável. Através da arte, a peça busca sensibilizar o público para a necessidade de mudanças em nossos hábitos e atitudes em relação ao meio ambiente.
A trilha sonora original, composta por Jonas Zaggo, é uma das grandes forças do espetáculo. Por meio de um trabalho autoral que trata a música como dramaturgia, Jonas Zaggo compôs melodias que dialogam diretamente com a história de Jacó Timbau. As composições exploram elementos da música regional raiz do estado de São Paulo, criando uma atmosfera rica e autêntica que transporta o público para o universo rural da peça.
SERVIÇO JACÓ TIMBAU NO REDEMUNHO DA TERRA Data: 01 e 02/02/2025
Horário: 15h
Local: Teatro Municipal Castro Mendes
Rua Conselheiro Gomide, 62.
Vila Industrial – Campinas/SP
Classificação Livre
Ingressos: R$ 10,00 (meia-entrada ou com flyer);
R$ 20,00 (inteira)
Info: trilhasdaarte@gmail.com
Espetáculo para a infância e juventude, “O Pequeno Senhor do Tempo” convida o público a refletir sobre a importância da nossa relação com a natureza e sobre o poder da amizade. Escrito e dirigido por Juliana Calligaris, atriz, diretora e dramaturga com mais de 30 anos de experiência, e com um elenco talentoso, a peça aborda temas como a passagem do tempo, a busca por identidade e a necessidade de cuidar do nosso planeta.
Em uma jornada repleta de seres fantásticos e aventura, o menino Berimodo embarca numa busca para resgatar sua planta sagrada e descobrir o poder do tempo. Com um elenco indígena e indígeno-descendente talentoso e uma trilha sonora envolvente, “O Pequeno Senhor do Tempo” convida o público a refletir sobre a importância da natureza, da amizade e da sabedoria ancestral. O espetáculo integra a Campanha de Popularização do Teatro de Campinas.
Nesta história, Berimodo, uma criança curiosa e dinâmica, descobre pelo ensinamento do Vento que só será um adulto quando sua plantinha crescer. Ele tenta fazer com que a planta cresça imediatamente, mas fracassa.
Por causa de sua impaciência, o Vento retira sua planta e a entrega à Onça Uaiuara, avisando-o de que só quando ele crescer poderá tê-la de volta. Está prestes a desistir e sua Avó surge para lhe contar histórias que o prepararão. Quando se despede dela, surge Guacira, a Gralha Azul, uma menina-pássaro da tribo das pessoas-pássaro.
"Ela o instiga tanto, que acabam invocando o Tempo. Ele vem soberano e senhor da vida e da morte. Ensina que só o tempo poderá fazer planta e menino crescerem, ensina o caminho da toca da onça e adverte que ela é perigosa. Uma passagem terá que ser realizada para que Berimodo consiga sua planta", disse Juliana Calligaris.
Montagem Com Paola Champi, Tiago Nastre e Juliana Calligaris em cena excepcionalmente para esta apresentação, o espetáculo apresenta um elenco talentoso que dá vida aos personagens de forma envolvente e emocionante. A história é contada de forma clara e envolvente, encantando crianças e adultos.
A peça aborda temas como amizade, respeito à natureza e a importância de valorizar nossas raízes. O cenário se move e serve como elemento que compõe as três contações de histórias inseridas no contexto do espetáculo.
A iluminação de Antonio Ginco remete à floresta, ao alvorecer e ao amanhecer, criando atmosferas poéticas. As canções originais de Jéssica Miranda atriz descendente de povos originários, mesclando tupi-guarani e português, pontuam toda a narrativa de forma envolvente. Assim, o espetáculo proporciona uma experiência sensorial única.
SERVIÇO O PEQUENO SENHOR DO TEMPO Data: 08/02/2025
Horário: 15h
Local: Teatro Municipal Castro Mendes
Rua Conselheiro Gomide, 62.
Vila Industrial – Campinas/SP
Classificação Livre
Ingressos: R$ 10,00 (meia-entrada ou com flyer);
R$ 20,00 (inteira)
Info: trilhasdaarte@gmail.com
O Polo Artes Cênicas (PoloAC) lançou nesta segunda-feira (13) uma campanha em suas redes sociais contra a transfobia. A iniciativa, realizada em conjunto com o blog BravaGente, foi instituída em alusão ao Dia Nacional da Visibilidade Trans – celebrado em 29 de janeiro. Esta atividade foi coordenada pela atriz trans Lara Oliver e pelo produtor cultural Anselmo Dequero.
A campanha conta com materiais gráficos para internet com o objetivo de ressaltar a data e divulgar os canais institucionais para denúncias e dar visibilidade ao fluxo após o registro. “Esta foi a forma que encontramos de apoiar essa data tão importante, criada há 21anos no Brasil”, disse Lara Oliver.
Segundo a atriz, o 29 de janeiro é uma data que marca a luta por direitos das pessoas travestis, transexuais e transgêneros que enfrentam desafios persistentes, como a violência e a discriminação. “Afinal, o Brasil é o país que mais mata pessoas trans, conforme a Transgender Europe (TGEU). Não podemos aceitar caladas esta triste estatística que não para de crescer”, acrescentou.
Para Lara Oliver, a campanha é fundamental para conscientizar e informar as pessoas na comunidade. “A informação traz o conhecimento e ajuda no combate ao preconceito e às violências. Temos que lutar a fim de construir um ambiente mais acolhedor e seguro para todas as pessoas”, completou.
Visibilidade Trans O Dia Nacional da Visibilidade Trans foi criado em 2004. A data, escolhida em homenagem ao lançamento da campanha “Travesti e Respeito”, ocorrida em 29 de janeiro, no Congresso Nacional, em Brasília/DF, visa dar mais visibilidade e promover reflexões sobre as questões enfrentadas pela população trans – essa campanha foi considerada marco na luta contra a transfobia no país.
Entre os problemas enfrentados pela população trans estão a falta de atendimento especializado na rede pública de saúde, a exclusão do mercado de trabalho e a violência. O Dia Nacional da Visibilidade Trans é uma oportunidade para lembrar a luta e a resistência da população travesti e transexual.
A desventura de um emblemático forasteiro em Exu, na Serra do Araripe, entre Ceará e Pernambuco, ganha destaque ao ser narrada em detalhes por Pavio, Poleiro e Poeira (Francisca), um mascate e seus assistentes do Mercadão Popular Central. Este é o enredo de “O Poeta do Cordel”, comédia que será apresentada no sábado (01/02), às 20h, no Teatro Municipal Castro Mendes, em Campinas.
O espetáculo retrata a figura de personagens da cultura popular brasileira, bastante comuns em uma época em que tudo parecia muito distante. “Neste cenário imaginário, Pavio, Poleiro e Poeira tornaram-se os responsáveis por levar e trazer notícias e novidades entre as pessoas das cidades de um sertão distante e figurado nesta contação de história”, afirmou o ator e diretor Anselmo Dequero.
Entre as novidades, a mais notória de todas foi sobre um homem misterioso que escrevia seus poemas em livretos, que ficavam dependurados em cordéis. “Num dia, o tal ‘Poeta do Cordel’ – como ficou conhecido o forasteiro – levou seu trabalho para a pequena Exu, mas não contava com figuras peculiares que, apesar do dinheiro, não possuíam cultura ou respeito aos mais próximos”, completou.
“O Poeta do Cordel” é uma comédia de costumes inédita produzida pelo coletivo artístico PoloAC (Polo Artes Cênicas) de Campinas (SP), com coprodução do blog Brava Gente, que une à contação de histórias um dos mais importantes gêneros da literatura brasileira. O espetáculo integra a programação da Campanha de Popularização do Teatro, da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.
No elenco, estão Cleiton Carlos (Pavio), Anselmo Dequero (Poleiro) e Lara Oliver (Poeira). Os ingressos têm preços populares a R$ 10 (meia-entrada e/ou com flyer impresso ou digital) e a R$ 20,00 (inteira). A montagem de “O Poeta do Cordel”, com produção de Ari Moura, também responsável pela parte técnica do espetáculo, estreou há um ano e possui cerca de 50 minutos de duração.
SERVIÇO O POETA DO CORDEL Data: 01/02/2025
Horário: 20h
Local: Teatro Municipal Castro Mendes
Rua Conselheiro Gomide, 62.
Vila Industrial – Campinas/SP
Classificação: 12 anos
Ingressos: R$ 10,00 (meia-entrada ou com flyer); R$ 20,00 (inteira)
Info: 19.99626 1202
contato@poloac.com.br
As experiências traumáticas vivenciadas por um paciente angustiado pela solidão mostram a realidade dos que procuram compreender ou mesmo superar esta condição justamente quando estão na presença de uma outra pessoa. Este o enredo de “Estágios da Solidão”, do PoloAC (Polo Artes Cênicas), com pré-estreia prevista para esta sexta 20/12, às 20h, na Estação Cultura de Campinas.
O espetáculo mostra os dramas, as frustrações e incertezas de Aníbal, um homem de meia idade confinado numa ala de um hospital psiquiátrico entre livros envelhecidos e cartas escritas aos amigos que julgava ter conquistado em sua vida; confinado entre as poucas lembranças – por vezes perturbadoras – de uma época em que acreditava estar cercado pelos “grandes e velhos amigos”.
A apresentação será no anfiteatro da estação Cultura de Campinas – estrada gratuita – seguida por um bate-papo com sobre o tema e o processo criativo. O elenco, formado por Cleiton Carlos, Ari Moura e Anselmo Dequero, dividirá o mesmo espaço com a plateia (a quarta parede – divisória imaginária que separa os atores da plateia – não existe nesta montagem). A produção é de Lara Oliver.
Este texto fala não somente sobre a ausência afetiva do outro, mas também da sensação de estar só (em algumas situações). Na prática, um convite às discussões sobre solidão, sobre conhecer e reconhecer os nossos próprios medos e as nossas angústias sobre relacionadas ao tema. Afinal, de frente com o espelho vemos no outro o reflexo daquilo que, às vezes, somente queremos esquecer.
Pré-estreia A pré-estreia de “Estágios da Solidão” do PoloAC será nesta sexta-feira, 20/12, às 20h , com entrada gratuita. O espetáculo tem o apoio cultural da prefeitura de Campinas, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo, com promoção da Estação Cultura de Campinas. É importante destacar que a participação no bate-papo, que será realizado após a apresentação, será facultativa.
SERVIÇO ESTÁGIOS DA SOLIDÃO Data: 20/12/2024
Horário: 20h
Local: Estação Cultura de Campinas
Praça Mal. Floriano Peixoto.
Centro, Campinas
Classificação: 14 anos
Entrada Franca
Info: 19.99626 1202
O poder de contar histórias sempre esteve no centro das conexões humanas. Desde as antigas rodas ao redor de fogueiras até as produções digitais, as narrativas nos ajudam a compreender o mundo, nos inspiram e criam laços profundos. Agora, essa arte atemporal ganha um manual moderno, escrito por Anselmo Dequero, que lança Storytelling: Pequeno Manual para Contar Grandes Histórias, uma obra prática e inspiradora, disponível na Amazon KDP.
Neste livro, o autor revela como transformar ideias e experiências em histórias que impactam e emocionam seu público. Com uma abordagem clara e acessível para todos, o manual é um convite tanto para iniciantes quanto para profissionais experientes a explorar a narrativa como ferramenta poderosa em áreas como marketing, educação, redes sociais e desenvolvimento pessoal.
“Vivemos em tempos em que milhares de mensagens competem por segundos de atenção. Saber contar histórias com propósito deixou de ser uma habilidade desejável para se tornar essencial”, disse Anselmo Dequero.
Segundo o autor, a obra apresenta técnicas práticas e detalhadas, mostrando como criar personagens cativantes, estruturar arcos narrativos e conectar-se emocionalmente com diferentes públicos. Além disso, Anselmo Dequero vai além da abordagem tradicional e explora como a tecnologia, especialmente a Inteligência Artificial, também pode ser integrada ao processo criativo.
O e-book é repleto de exemplos inspiradores que mostram o poder das narrativas. O autor cita, por exemplo, casos como O Pequeno Príncipe, que encanta gerações com sua simplicidade e profundidade, e campanhas publicitárias modernas, como Real Beleza da Dove, que transformaram produtos em símbolos emocionais. Cada capítulo está repleto de opiniões, ferramentas recomendadas e exercícios que permitem ao leitor aplicar imediatamente o que aprendeu.
E-Book A proposta vai além de ensinar: é um convite para experimentar, criar e transformar. Com linguagem envolvente, o e-book ensina que o storytelling não é uma habilidade reservada a poucos: qualquer pessoa pode aprender a contar histórias impactantes, seja para uma apresentação de trabalho, para engajar nas redes sociais ou para transformar ideias em projetos de vida.
Para o autor, boas histórias estão por toda parte, esperando por quem tenha coragem de contá-las. Ele ressalta que, atualmente, onde cada mensagem precisa lutar por espaço, quem domina a arte de narrar leva vantagem. “O e-book não é apenas um guia, mas uma celebração do ato de contar histórias como uma forma de generosidade, conexão e transformação”, acrescentou.
Disponível no Amazon KDP (por R$ 19,90), o livro chega como uma leitura obrigatória para empreendedores, educadores, criadores de conteúdo e qualquer pessoa que deseje inspirar e influenciar positivamente sua audiência. Seja para atrair clientes, ensinar ou simplesmente compartilhar vivências, “Storytelling: Pequeno Manual para Contar Grandes Histórias” é uma ferramenta valiosa.
Sobre o Autor Anselmo Dequero é escritor, jornalista e professor universitário. Em sua trajetória, atuou como repórter da Rádio CBN (Sistema Globo de Rádio), em São Paulo, da Rádio Bandeirantes, em Campinas, e como assessor parlamentar de imprensa na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Também é ator e dramaturgo com espetáculos no Polo Artes Cênicas (PoloAC) de Campinas.